«Meu bem», canção tradicional açoriana
Os estudantes da Universidade de Coimbra trouxeram, das suas regiões de origem, canções tradicionais que depois cantaram em formações Coimbrãs. Várias canções ditas tradicionais (cujas autorias se perderam no tempo) foram mesmo gravadas com outras roupagens harmónicas e instrumentais e editadas comercialmente (Bettencourt, Adriano, José Afonso, Luiz Goes).
«Meu bem» é um exemplo interessante porque, sendo originalmente uma composição em compasso ternário e andamento lento (uma balada), ela surge nas gravações de Luiz Goes em andamento relativamente lento, mas com compasso quaternário e com o ritmo alterado (e a melodia também foi subtilmente alterada). Estas alterações desaguaram na forma rítmica do fado e, por conseguinte, nesta versão, «Meu bem» é um fado à moda de Coimbra (tal como um «Adeus Sé Velha saudosa»).
Versão gravada por Luiz Goes («Canção açoreana»):
A nível mundial, isto de fazer "covers" transformadores (sem conhecimento ou autorização dos autores, e alguns com oposição dos autores) não é uma coisa assim tão moderna e surpreendente. Se a música (quando tecnicamente dominada) nos permite tocar melodias dos Beatles ao estilo de Bach, Haendel e Vivaldi (Beatles go baroque), mais facilmente nos permite este simples afadistamento formal de uma melodia tradicional.
A. Caetano, 3 de Novembro de 2024
*CANÇÃO LONGE
Canção tradicional açoriana que começou por receber arranjo da autoria de António Portugal para uma interpretação de Luis Goes. José Afonso alterou os dois primeiros versos da segunda quadra (Quando o meu amor se foi/ Sete lenços alaguei..) e procedeu à introdução da terceira quadra. Fonte: «A música tradicional na obra de José Afonso», Mário Correia.
[Sim, mas a melodia é diferente.]
Eis a transformação, o antes (tradicional):
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