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Fado do marinheiro

 Fado do Marinheiro, autor desconhecido

Partitura publicada in «A Triste Canção do Sul» de Alberto Pimentel, Livraria Central de Gomes de Carvalho, Lisboa, 1904, na página 35.

Observando a partitura, tal como está publicada neste livro, a estrutura rítmica-melódica do fado está fundida com o acompanhamento, parecendo-me que se trata de escrita para guitarra. A nota do autor que acompanha esta partitura -- «Este fado é o mais antigo de que diz ter conhecimento o velho guitarrista Ambrósio Fernandes Maia» -- reforça esta minha leitura. 

No pentagrama superior limpei e mantive a melodia que seria cantada. Na partitura para guitarra optei por descer uma oitava às notas que correspondem aos bordões da tónica e dominante (ré menor / lá maior de sétima) e acrescentei algumas notas (bordões). O desenho resulta automaticamente e é algo fácil de tocar na guitarra, na tonalidade aberta de ré menor. 

Alberto Pimentel, citando Ernesto Vieira, deixa na página 34 esta descrição do molde primitivo do fado: ""um período de oito compassos em 2/4 dividido em dois membros iguaes e symetricos, de dois desenhos cada um; preferência do modo menor, embora muitas vezes passe para o maior com a mesma melodia ou com outra; acompanhamento de arpejo em semicolcheias feito unicamente com os accordes da tónica e da dominante, alternados de dois em dois compassos. O fadista chama ao simples acompanhamento do canto: Fado corrido. Mas fora d' este caso, quando não ha cantor, o guitarrista «phantasia muitas variações sobre a mesma melodia, abandona-se á inspiração de momento, borda floreios e ornatos.»"".







A. Caetano, 30 de Novembro de 2024


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