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Na fonte está Lianor - José Afonso

Na fonte está Lianor

Música de José Afonso com acompanhamento à viola de Rui Pato.

Álbum: Baladas e Canções (1964)


«Na fonte está Lianor» é uma cantiga renascentista portuguesa que consta no Cancioneiro de Paris (séc. XVI).

A partitura é uma aproximação ao tema gravado em 1964 por José Afonso com acompanhamento, à viola, de Rui Pato.

 


Na fonte está Lianor - José Afonso by adamoc


Na fonte está Lianor

1.ª ----

Na fonte está Lianor

Lavando a talha e chorando (3x) + (1x B1)

Às amigas perguntando

Vistes lá o meu amor (3x) + (2x B2)

2.ª ----

Nisto estava Lianor

O seu desejo enganando (3x) + (1x B1)

Às amigas perguntando

Vistes lá o meu amor (3x) + (2x B2)

3.ª ----

O rosto sobre uma mão

Os olhos no chão pregados (3x) + (1x B1)

Que de chorar já cansados

Algum descanso lhe dão (3x) + (2x B2)

4.ª ----

Na fonte está Lianor

Lavando a talha e chorando (3x) + (1x B1)

Às amigas perguntando

Vistes lá o meu amor (3x) + (2x B2)


Na fonte está Lianor in Cantigas portuguesas do Cancioneiro de Paris (século XVI)

Na fonte está Lianor

Lavand'o pot'e chorando,

E às amigas preguntando:

«Vistes lá o meu amor?»


Nenhuma lhe dá rezão

De que ela fique contente,

Porque não no ter presente,

Isso lhe dá mais paixão.

O caminho está olhando

C'os olhos que lhe dão dor,

E às que vinham, preguntando:

«Vistes lá o meu amor?»


Umas vêm e outras vão,

Nenhuma vinha a quem

Pregunte pelo seu bem

Que dele lhe dê rezão.

Estava triste cuidando

Remédio pera tal dor.

Deixa a talha e chorando,

Vai buscar o seu amor.


[Voltas de Luís Vaz de Camões, 1524-1580:]

Posto o pensamento nelle,

porque a tudo o

Amor a obriga,

cantava, mas a cantiga

eram suspiros por elle.

Nisto estava Lianor

o seu desejo enganando,

e as amigas preguntando:

vistes lá ho meu amor?


O rosto sobre hũa mão,

os olhos no chão pregados,

que de chorar já cansados,

algum descanso lhe dão;

desta sorte Lianor

suspende de quando

em quando

sua dor e em si tornando

mais pezada sente a dor.


As obras que constam no Cancioneiro de Paris são todas anónimas mas, em algumas delas, o mote tradicional foi retomado por algum poeta que lhe acrescentou estrofes terminadas com a mesma rima do mote inicial. Essas estrofes são designadas “voltas”. Ao mote e estrofe originais de «Na fonte está Lianor» foram adicionadas mais duas estrofes, ou voltas, assinadas por Luís Vaz de Camões.

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