Skip to main content

Balada dos estudantes - Alberto d'Oliveira e João Antunes

Balada dos estudantes (1892),

Balada de despedida do 5.º ano jurídico de 1891-92 da Universidade de Coimbra.
Poesia de Alberto Pereira d'Oliveira e música de João Augusto Antunes.





Ouvir em http://arquivosonoro.museudofado.pt/#
Avelino Baptista, Balada dos estudantes
Editora Odeon 43055 43069,
Referências: Disco Odeon, XO30, X, 43055

Balada dos estudantes

Adeus Coimbra, terra de encantos,
Flor do Mondego, lá diz a trova
Flor tão bonita, que os próprios Santos,
Por teu aroma, fogem da cova
E vêm às noites, com alvos mantos,
Comer com beijos a lua nova!

São nossos prantos, são nossos cantos,
Como perpêtuas sobre uma cova
Adeus Coimbra terra de encantos,
Flor do Mondego, lá diz a trova

Adeus pequenas com quem dançámos,
Pelas fogueiras de São João:
Quem sabe até se lá não deixámos,
Desfeito em cinzas, o coração?
Com vossos olhos fazei os ramos
Para cobrirdes o meu caixão

Ai que olhos negros, juntos aos pares,
Florindo as cinzas do coração...
Adeus Coimbra toda em cantares...
Em desgarradas ao São João!

Em sendo mortos, com negra sina
Já terminada no Mundo breve,
Lá das estrelas, nossa Alma deve
Ver no passado (castelo em ruína)
A negra capa mai-la batina,
Brancas de neve, brancas de neve!

E choraremos o tempo de antes,
Faremos coro com os Poetas
Adeus Coimbra dos Estudantes,
Das raparigas como violetas!

Ai tu não davas, com teus licores,
Para matar uma sêde de água,
Rio Mondego falto de côres,
E tão sequinho que fazes mágua...
E, entanto, os olhos dos meus Amores
São como duas nascentes de água!

Dá de beber ao pobre rio
Pelos teus olhos, como em Bethleem
Duas fontinhas, conrrendo em fio
Aos lavadoiros da Virgem-Mãe!

Alvas de prata! Poentes de oiro!
Choupos tecidos por mãos de fada!
Aguas do rio correndo, em choro,
Dos olhos negros das Namorads!
E as folhas secas, cantando em côro!
Avé-Marias em sendo dadas...

Teus jardins são como campos santos,
Campas de freiras, quem sabe, eu piso...
Adeus Coimbra, terra de encantos,
Adeus até ao dia do Juízo!


Fonte: César das Neves, Cancioneiro de Músicas Populares contendo letra e música: collecção recolhida e escrupulosamente trasladada para canto e piano por Cesar das Neves, Porto, Cesar, Campos & C.ª, 1893, Volume I, páginas 140 a 144.


Adaptação do acompanhamento para viola (tablatura e diagrama de acordes) com transposição para lá menor:



«Uma das mais importantes novidades musicais desta época, a Balada de Despedida dos Quintanistas, fora estreada no Teatro Sousa Bastos, na noite de 24 de Março de 1892 (música do Padre Dr. João Antunes, letra de Alberto de Oliveira). A popularidade atingida pela balada de 1892 foi tal que rapidamente se tornou conhecida em todo o país, tendo gerado imitações nos liceus nacionais e na Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Desta matriz derivam todas as baladas de despedida de quintanistas que ainda hoje se cultivam em Coimbra, sendo de salientar que as referidas baladas eram inicialmente estreadas em casas de espectáculos com solistas, coros e orquestra.»
Fonte: http://guitarradecoimbra.blogspot.com/2005/06/era-uma-vez.html

Comments

Popular posts from this blog

«Fado serenata» do Hylario e «O sancristán de Coimbra»

Estudo comparativo das melodias A melodia da canção ( fado ) conhecida na Galiza como « O sancristán de Coimbra » é a melodia do « Fado serenata » de Augusto Hylario, que foi publicado em partitura pela Casa Neuparth & C.ª (Rua Nova do Almada, Lisboa) em 1894.  Esta afirmação, não sendo inteiramente novidade (pelo menos António Manuel Nunes já o referiu), merece fundamentação, recorrendo, primeiro, à análise objectiva dos intervalos musicais (como se de um algoritmo de detecção de plágio se tratasse) e à análise da estrutura musical (ritmo e harmonia) e, segundo, à análise de outros aspectos como a letra, a adição de refrão, o contexto histórico e outros. Independentemente das alterações rítmicas e melódicas que sofreu (que, aliás, as singelas composições, conhecidas formalmente como «fados», admitem e promovem) e da harmonização em tom menor (com passagem ao tom maior no refrão ou estribilho), a assinatura melódica é na, minha análise, a mesma. Em Portugal, aproximadamente ...

Coro de Carpideiras - Augusto Euclides Menezes, 1905

Enterro do grau - Coimbra, 1905 (quartanistas de Direito) Música de Augusto Euclides Menezes, Versos de Justino Cruz in «Colecção de músicas do Enterro do Grau» Festejos promovidos pelos estudantes da Universidade de Coimbra, 1905. Coro de Carpideiras - Augusto Euclides Menezes by adamoc A. Caetano, 15 de Dezembro de 2024 

Balada da Despedida do 5º ano Theologico Juridico 1902-1903, Cândido de Viterbo

Balada da Despedida do 5º ano Theologico Juridico 1902-1903 Música de Cândido de Viterbo Letra de Viriato d'Almeida Lima Balada da Despedida do 5.º ano theologico-juridico 1902 1903, Candido de Viterbo by adamoc